quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Todo Mundo Quer Ser Obama (4)

O recém-eleito, e em seguida defenestrado, presidente, mais do que qualquer coisa, era, como todos os que se seguiram depois dele, uma necessidade catártica, espécie de autoflagelação a qual nos impomos na esperança de que - não suportando a própria realidade que, íntima, não é mais do que uma "amostra" da realidade comum - possamos deixar o "ser" que expomos para nos tornarmos o "ser" que essencialmente somos. Aqui, é preciso dizer que somos continuamente descobertos e redescobertos por nós mesmos e nos tornamos, a cada instante, quem somos.

Habituamos-nos a tudo. Quase sempre me pergunto o que faz com que me submeta a tantas coisas, tantas situações insólitas e tão possíveis de serem evitadas, rompidas, mas ao mesmo tempo tão abraçadas, tão consumidas, como se fosse nosso último ato, como se estivéssemos diante de nossa última possibilidade de realização, ainda que inconscientemente, de nós mesmos.

Olho adiante, para Barack Obama, e não vejo simplesmente um negro que chegou ao máximo poder no país mais rico e poderoso do mundo. Não! Obama é muito mais que isso! É mais que essa visão simplória. Vejo Obama como reflexo de uma nação baseada, fundamentalmente, em princípios sólidos. Em uma história sólida de coragem, enfrentamento, realizações, mas principalmente e antes de tudo, reflexo daquilo que vejo em mim, como o mais básico de mim mesmo, para que consiga conviver com o outro que não sou eu: uma história construída sobre a verdade. Não a verdade absoluta, filosófica, idílica, ideal, mas a verdade real, humana, tocável, e de cada um que participa da construção da realidade que se faz constantemente.

Nenhum comentário: